15/12/2011

"A Solidão é meu cigarro"

"Eu vejo os olhos, no escuro de quem não crê
Fechados e tristes, como o vão de quem o vê
E os mortais miram em sua direção, o querem ter?
Mas quem quereria tal condição, falta um ser
Afinal, o que diria a expedição no dia D?

Se todos os caminhos me mostram o que não cri
Quando as esperança me levam onde nem vi
É que percebo que talvez eles estejam em ti
Um caminho que não braveja no vão em si

Parece que neste caminho finalmente encontrei
Bela flor, no jardim que ainda quero conhecer
E se o caminho me levar até onde eu já cheguei
O riso doce substiuirá o amargo choro de viver

Sem milhares de melodramas, apenas vidas e ilusões
Nem aquelas de propagandas viram o seu sorriso
E quando eu o encontro, vejo apenas sonhos bons
Ainda hoje me questiono se não és o que preciso..."



"Teus olhos refletem a alma do mar
O brilho da lua, estrelas de verão
Estão onde eu queria poder estar
Ao teu lado, segurando tua mão

Andando pelo infinito de cores
Sem pensar nunca mais em voltar
E pensar que nosso caminho de flores
É banhado com o som de um doce luar

Olhar em tua alma, em teu corpo
Falar doçuras no silêncio das ondas
Aquelas de um simples poeta torto
Estar ao teu lado, sempre de ronda


Ser mão e Te segurar se fores cair
Ser boca para falar o que tiver direito
Ser pé e te levar para onde quiseres ir
Ser coração para bater no teu peito"

08/11/2011

Papel do Professor, Vândalos da USP e outras mazelas.

Há muito não tenho vontade alguma de escrever. Até porque começo essa postagem sem ter nem ideia do que vou falar, então vou deixar o título por último, pra poder fingir que eu sabia desde o início. Estranho pensar isso se escrevo praticamente o dia todo, seja naquele quadro branco todo rabiscado de tinta de piloto, onde fingimos ensinar algo que ninguém quer aprender, ou seja aqui, na rede. Mas é do primeiro ponto que enfim fiquei com vontade de falar neste momento.
Não sei se é uma discussão batida, inútil, sem sentindo, ou se haverá alguma discussão. Fato é que cada vez mais me perturba a ideia de termos (nós, professores) que fingir passar algo útil para um bando de gente que não quer, fingir que aquilo que passamos é relevante, uma vez que nós mesmos entendemos as mentiras e as bobagens por trás daquilo. Sabe, me parece bem idiota a situação do Professor hoje. Somos os mestres em nada, na oratória tentamos levar cabeças a lugar algum, uma vez que essas cabeças quando se interessam têm todas as ferramentas que precisam na frente dos dedos!
Para ter uma ideia, estes dias estava dando aula, falando sobre um determinado vulcão que em menos de 3 minutos um aluno me apresentou, não só ele, mas uma descrição imensa sobre o que ele é. Parece discurso de velho ou de excluído digital, mas é um espanto válido. A informação é mais rápida do que nós, que perdemos qualquer prestígio que podíamos ter...
Mudando de assunto, acho válido lembrar dos caras lá da USP. É, tem uma galera revoltada aí acusando os opositores dos camaradas presos de serem manobrados pela grande mídia. Mas que p**ra, ninguém tem o direito de discordar dos caras? Numa boa, essa ocupação já começou errada, como 99% das ocupações. O desfecho é que pela primeira vez me encheu os olhos. Lembro-me de uma ocupação da UERJ que os vând.. manifestantes deixaram a Reitoria em petição de miséria. Fato é, foram presos e acusados como marginais, o que poderia ser um exagero se não tivessem tido tanto tempo para saírem de lá e não fossem tão duros nos próprios atos, que não seguem ideologia nenhuma, já que na boa, isso já um papo altamente Old School e o século XXI tá aí pra começar a quebrar essas palhaçadas (isso fica pra outro post). O fato é, foram presos, vão ter que pagar fiança (isso papai paga) e responder processo. Acho que o Brasil é mestre em fazer atos idiotas e ignorar o que realmente importa. Cara, será que os simpáticos aos revoltosos não entendem que o grande problema das Ciências Humanas é essa ligação de merda que tem com as drogas? Esses maconheiros vão pra Universidade se formar em 70 anos, ocupando espaço de outros caras de bem que precisam de um futuro que não está garantido no papai e na mamãe (e n estou aqui falando sobre coisas loucas, estou falando do que vi e vivi dentro da universidade) e ainda tem quem defenda.. Ok, vamos defender, todos merecem defesa, mas mesmo os filhos mais mimados uma hora precisam acordar e ver que a vida não é feita de foices e martelinhos de chocolate e precisam pagar pelos seus atos, suas depredações e seu vandalismo. Viva à Liberdade e a falsa Democracia!

10/10/2011

"Aquilo que dá no coração"

Nem meu nem Teu
Minha alma se perdeu, n'algum lugar
Os meus olhos já perderam o horizonte
Meus ouvidos, o ruído de cada raio solar
O meu corpo, a brisa que desce o monte

Os meus dedos não te seguram mais
Teu coração não me guia para o infinito
Minhas lágrimas não me deixam em paz
Tudo que é meu, procura o que é bonito

E é Só com a luz da idéia de você,
Onde nenhum bem ou mal pode ser julgado
Tudo que é, parece ser um pouco de viver
Em um lugar que você nunca se torna passado

Meu coração se perdeu, minha alma desvaneceu
E todo o meu corpo parece que se corrompeu
Me mato todos os dias na dor que não é você
Até porquê, até onde saiba, é só prazer!

E ainda no fim deste poço, tudo há de mudar!
Em um espaço que não é seu, nem meu!
Ainda contigo, meu sonho sonha em estar
Um dia em que tudo que é meu, será todo seu...


Hey, Moça!
Hey, Moça, tem algo me matando
Tá doendo e no peito apertando
Em silêncio dá até para escutar
Só não sei se vem de cá ou de lá

Mas viu? tem algo que dói aqui
Bem onde estou te apontando, vê?
Esta é dor aperta até quando ri
E só vejo o que tento lhe dizer

São tantos sentidos e nenhum só
Nem mesmo os cinco conseguem agir
Entender se é pedaço ou se é pó
Confundem-se no tudo que dói aqui

E tudo que sinto é sem razão de ser
Que não encontra palavras em papéis
Esta dor que só faz pensar em você
Passa por olhos, boca, mãos e pés

Encontrei uma dor, que não explico
É algo que nem sei como é verdade
Até que dói, mas sem ela nem vivo
Encontrei esta dor, chamada saudade


O espaço para o coração.
Sabe que é longe demais
e é longe, ainda mais!
Mais do que a geografia
É capaz de ser uma guia

Mas sempre é tão perto
Que é como tocar no teto
Mas de olhá-lo do chão
Parece ser uma missão

Ainda que até a latitude
só atrapalhe e não ajude
Sou da luxúria do lugar
Que teima em ali não estar

E se um sorriso é capaz
De mudar nossos lugares
De trazer a moça e o rapaz
Fazer de uns simples pares

E se um abraço muda o mundo
Gira e torna o sul ao norte
E sabemos bem lá no fundo
Que é um amor até a morte

E se um beijo muda o ser
Que de cá se muda para lá
E daqui se vai para ser
Bem mais do que é onde está

Meu coração se torna errante
Peregrino sem caminho
Que erra a estrada distante
E se encontra sempre sozinho

Coração que bate à porta
Que torna ao longe luar
Um guia em linhas tortas
Para quem quer se apaixonar

Coração de medidas sou
Que finge não ver o mapa
Levando e tirando com tapa
O que ele já se apaixonou

12/01/2011

Parte IV, Capítulo II

O jovem garoto de nome Daniel Soares Lanvau, herdeiro de uma empresa Multinacional, que se achava o garoto mais azarado do mundo por não conseguir o coração de uma garota e não ter conseguido passar duas vezes no vestibular para Direito na Federal. Fato é que agora ele poderia se dizer o garoto de maior sorte de parte do mundo. Ele havia sido escolhido a dedo por não ter criado nenhum laço que o prendesse, ser ambicioso suficiente para querer crescer e ser completamente diferente de Antônio, o que faria talvez este querer voltar para o conselho, desistindo de criar o mimado rebelde. Mas Tony já esperava por esta peça pregada por Pedro e CIA para o ver de volta, o que ele não queria que acontecesse não importa qual fosse o desafio que tivesse que enfrentar.
Ao ser tocado na testa Daniel sentiu-se pela primeira vez fora de seu próprio corpo. Sua mente parecia flutuar em um lugar desconhecido, ao seu lado um vulto cinza se formava, o lugar era turvo e escuro, tendo apenas no alto uma entrada de luz, o vulto toma forma, parece a forma de um grande homem, feito de bronze, com uma bela armadura que remonta aos gregos.
- Olá Garoto, agora me diga, teu nome és? – disse a estátua.
- Anh? Quem é você? Onde estou? – respondeu o garoto que era apenas uma fumaça em meio à escuridão.
- Humf, e me disseste que tu sabes tudo? Sou eu, Pater, o antigo 10. Aqui você tem a sua verdadeira forma, não aquela forma esquisita que sua carne tem e que você nem mesmo pode escolhê-la. Aqui você escolhe tua forma e é escolhido por ela.
- Onde estamos?
- Em lugar nenhum, o único lugar em que somos realmente livres. Podemos voar, ou nadar mesmo sem ter ar ou água, podes ser um tubarão ou um Pombo se quiseres. Não há liberdade fora daqui, fora daqui há mundo, há padrões, há destruição, há Entropia, Desordem e Ordem batalhando a cada instante.
- Pater, como escolho minha forma?
- Simples, queira uma, pense em uma, aqui tu tens direito a vontades, seja lá o que entendes por isto.
No mesmo instante a fumaça começa a tomar forma, crescer e ficar com grandes músculos e uma arma enorme nas costas, a faixa vermelha na cabeça e o visual de filme americano não escondiam a prepotência do jovem.
- Ah, agora sim, sou grande e forte e nada pode me derrubar.
- Será? Será mesmo que é a tua forma que decide como tu és ou é o que preenche esta forma que pode te dar ou tirar forças? Tolo, não esqueça que estamos em um lugar onde a mente manda, só a mente te dá forças não músculos idiotas. – no mesmo instante o homem de bronze olha em direção ao grande Rambo e este vira um pequeno coelho, indefeso e de pêlos branquinhos como a neve.
- Anh? Por que mexeu em mim? Não disse que aqui eu era livre para ser o que eu quisesse?
- Disse, mas não é assim tão verdade, aqui EU sou livre para ser o que eu quiser, tu ainda não tens força para isto. O “poder” te dá forças e tua vontade chega ao poder.
- É só pensar?
- Tecnicamente... este é um lugar interessante. Sua mente comanda as transformações deste lugar, é como se eu tivesse entrado em sua cabeça e você na minha. É uma abstração, pura abstração. E não é lugar nenhum porque não há no espaço físico nada que seja este lugar.
- Acho que entendi.
- Bem, te trouxe aqui para falar do conselho. O nome é Conselho dos 12, mas na verdade não é assim um conselho, porque não aconselhamos a ninguém além de nós. A única coisa que nos une é a vontade de crescer sem ter que encontrar motivo e nem verdade alguma que nos ajude. É legal.
- Uhm, entendi, e como se escolhe quem faz parte ou quem não faz? Como me escolheram?
- Ninguém te escolheu você sabe disso, é incrível, mas por algum motivo os substitutos chegam a nós, não sabemos como, não somos nós que escolhemos.
- Destino?
- Blá.
- Ok, esquece... Posso te fazer mais uma pergunta?
- Claro pequeno coelho.
- Duas.
- Faça.
- Posso voltar ao normal?
- Seja lá o que é “o normal” claro.
Neste instante o pequeno animal toma a forma humanóide com as características do jovem no mundo físico, mas com uma calça jeans e um casaco cinza por cima de uma blusa preta.
- Bem melhor!
- Se você diz...
- Por que você saiu do Conselho?
- Ah, estava esperando esta pergunta, sabia que foi a primeira pergunta que fiz ao meu Pater? Bem, você tem religião?
- Sim, sou católico apostólico romano.
- Então, meu sonho é ter fé. Sabe, estou ficando velho, já passo dos 50 anos e hoje nada me agrada, tudo vejo erros e é muito fácil ser muito de si quando se é novo, mas quando vemos a morte de perto, chegando, é complicado querer dar a cara a tapa.
- Mas eu sou novo e creio na Santa Igreja e Na Bíblia, claro que acho que a Igreja tem seus erros, pois são Humanos...
- Ah, quem se importa. A Igreja erra há quase 2.000 anos e só ouço dizerem: “mas isso é o passado, não acontece mais”, “são Homens, não Deus”. Isso continua sendo uma perda de tempo para mim.
- E quanto a Bíblia?
- Hum, desconheço texto mais sem nexo. Primeiro Deus é um perverso que larga seus filhos à própria sorte, deixa-os serem tentados por uma cobra falante e por comerem uma maçã, condenam todos os seus descendentes por quase toda a eternidade. Não me parece um Pai, nem um Deus de amor nem um Deus de justiça!
- Mas o Antigo testamento é um pouco obscuro, muitos acreditam dele ter sido construído posteriormente e tal, mas o próprio Cristo diz que todos os que vieram antes dele estavam errados, ele veio consertar!
- É, diz mesmo, mas, se ele existiu, deturparam tudo que ele falou e ficou tudo sem sentido novamente, sem contar que a Bíblia foi reconstruída algumas vezes na formação da Igreja: “esse livro pode entrar” “esse não pode”. Enfim, é triste cair num poço vazio e ter a certeza que não terá ninguém pra te tirar de lá.
- É, deve ser mesmo...
- Mas me diga, o que gosta nesta tua religião?
- Ah, eu gosto de muitas coisas, entendo que tem muita coisa errada e não gosto quando começam a usar fatos históricos para denegri-la, porque acho que Deus está acima de toda e qualquer instituição.
- É, eu tenho um grande problema com esse Deus. Acho que ele nunca fez nada por mim para eu ter que reconhecê-lo como todo poderoso.
- Nunca passou por problemas na sua vida que superou por motivos inexplicáveis?
- Talvez uma ou duas vezes, mas acho que é muito pouco para alguém que quer tanto. Já ajudei tanta gente e para Ele o máximo que consigo ser é um pecador, é uma troca muito injusta. Não curto estas injustiças.
- Não sei, acho que Ele deve estar neste momento olhando por nós.
- Não está não. Estamos longe dos domínios do mal. Hahahaha.
- Religião não se discute!
-Discute sim, por falta de discussão é que ela ainda existe...
- Deus vai ter piedade de tua alma
- Interessante, deveria ter mesmo. Mas o que é Deus para você?
- Ah, é tudo!
- Tudo em forma de que? Natureza? Algo externo ao universo?
- Deus é tudo! Tudo que nós vemos, ouvimos sentimos, todos nós somos parte de Deus.
- Cada vez mais interessante... Quer dizer que somos parte de um Deus que é tudo? Todos os “versos” do espaço são Deus?
- É!
- E sua mente?
- Que que tem?
- É Deus?
- Não, minha mente sou EU.
- Uhm, então você não é Deus?
- Não pô, EU sou EU! Meu corpo é parte de Deus mas minha mente é o que me faz sujeito.
- Sujeito...

05/01/2011

Parte III

Ao ouvir teu amado, Carla olha para ele, ignorando completamente seu lado esquerdo, de onde vinha o carro assassino. Neste mesmo instante os dois automóveis se chocam, como Carla olhava para o outro lado não teve tempo de ter reação alguma, nem para tentar se proteger e a batida pegou em cheio em sua porta. Ambos os carros estavam irreconhecíveis.

- NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! – gritava incessantemente Antônio, desesperado correu rumo ao carro de Carla, tentando em vão livrá-la das ferragens. Algo havia atravessado uma de suas pernas e ela estava desmaiada.

Não conseguindo segurar o desespero, Tony via apenas a ambulância se aproximar, junto com o carro do Corpo de Bombeiros. Enquanto os bombeiros faziam o seu trabalho tiveram que retirar o homem que chorava e gritava por ali, levando-o para a ambulância, medindo sua pressão e tentando acalmá-lo, sem sucesso. O corpo de Carla era tirado das ferragens, enquanto o motorista do outro carro era levado a outra ambulância perto dali. Ao longe Antônio ouvia dois homens que diziam:

- Ele vai ficar bem, o Air Bag salvou a vida dele!

- Pois é, mas acho que a mulher não escapou com vida...

As coisas se embaralhavam, os pensamentos não se conectavam e mais uma vez parecia que o tempo não passava. Sua cabeça rodava, rodava e nada daquilo parecia fazer algum sentido, talvez não fizesse mesmo. Este foi o último pensamento antes que sua cabeça entrasse em pane e que apenas acordasse no hospital, meia hora depois do acidente.

- Olhe, parece que ele acordou! – aquela voz era inconfundível, era Pedro que estava ao lado de seu amigo no quarto do Hospital.

- Sim, está acordando, mas ele ainda pode estar em choque. – respondeu o enfermeiro.

Ao abrir os olhos Antônio via que estava em um quarto de hospital, com um enfermeiro checando o soro e Pedro, amigo de longa data ao lado.

- Pedro, por que eu? – perguntava com as primeiras lágrimas começando a aparecer.

- Não é você nobre amigo, desculpe-me, mas não é. Acha que é o único que perdeu alguém realmente importante na vida? Achei que você melhor do que ninguém aceitaria isto numa boa.

- Não é tão fácil quando é contigo, não é?

- Não, não é fácil... Mas é necessário, não pensas em ficar aí a vida toda, tem que levantar, tu ainda tens muito trabalho para fazer, a ordem...

- Não me fale nisso agora, não quero falar de trabalho ou coisas que nem preciso mais fazer.

- Claro que precisa. Desculpe-me, mas tenho que falar isso, tu saíste, mas não deixou ninguém em teu lugar. Não podes sair e deixar sua cadeira vazia.

- Claro que posso! Quem é você ou qualquer outro para dizer o que eu posso! Sou livre! Finalmente livre!

- Ok, me mate então!

Ao ouvir isso, o enfermeiro que saía da sala olhou nos olhos de Pedro que vidrado encarava o homem deitado na cama.

- Senhor, por favor, estamos em um hospital, mantenha a ordem.

- Ordem... – retrucou Antônio.

Neste momento Pedro se levantou e foi até a porta, enquanto andava olhava para Antônio, falando:

- Não podes me matar, porque não és livre, és escravo de diversas leis, de diversos princípios, não podes voar, mergulhar até o fundo da Terra, conhecer o Universo. Então não me venha com palhaçadas de liberdade, esta palavrinha é muito engraçada e só.

Já no batente da porta olhando para Antônio, colocou dois dedos na testa e bateu continência para Antônio antes que saísse. Seu amigo deitado na cama apenas engoliu suas palavras e olhou para sua mão, onde a agulha com o soro entrava.

Algumas horas depois Antônio chegava em sua casa, sabia que estava muito abatido, mas não entendia se pela morte de sua amada noiva ou se pelas duras palavras de seu único amigo. Ele precisava pensar no seu luto, mas também não poderia deixar de lado seu lugar no conselho dos 12.

Três dias depois, por volta de 1 da manhã Antônio atendia o telefone que não parava de tocar há quase 20 minutos.

- Oi?

- Pater?

- Fala Pedro, eu não sou mais do conselho.

- Eu sei, mas agora tens um pupilo, terás que ensinar a ele tudo que tu sabes, ou quase tudo. Ele será seu substituto na décima cadeira do conselho.

- Ok, eu falo contigo amanhã então.

- Hehe, ele deve bater em sua porta em alguns segundos.

- Como assim?

- Mandei ele aí, boa noite. – Pedro desligou o telefone.

- Mas...

Jogando o telefone na parede foi em direção à porta. Lá saiu e foi em direção ao elevador que estava subindo. Se posicionou na frente da entrada do elevador, que tão logo parou e abriu-se. Lá dentro um garoto, com não mais do que 22 anos, cabelos bem curtos com roupas estranhas, calças jeans, camisa verde e um casaco aberto cinza por cima. Nos pés os chinelos davam um tom mais estranho ainda àquele jovem, que logo foi indagado.

- Você é?

- Desculpe senhor, só posso falar com o Pater.

- Ah sim e você disse isso a todas as pessoas que falaram contigo? “Desculpe senhor, só posso falar com o cara que vai me ensinar coisas secretas sobre uma sociedade secreta que é tão secreta que ninguém pode saber....”

- Eu havia pensado nisso, mas depois o Um me falou que te reconheceria porque estaria me esperando na porta do elevador.

- Idiotas... Vamos, a porta está aberta. Onde já se viu, isso são horas!

- Me desculpe, se quiser volto amanhã.

- Quero sim! Mas não dá pra querer, entra logo.

Após entrar em seu apartamento, Antônio fechou a porta e voltou-se para o garoto.

- Então garoto, é você que vai ficar no meu lugar, não é?

- Sim senhor.

- E o que sabe sobre a Ordem?

- Quase tudo, na verdade acho que não vai ter que me ensinar nada! Somos 12 pessoas que respondem apenas por seus números e não devem se conhecer muito bem para evitar problemas. Não temos medo de nada e nada nos atinge, somos donos de nosso próprio mundo e evitamos que o equilíbrio seja quebrado, este equilíbrio é mantido pelo nosso pensamento, que como qualquer um, tem o poder de mudar o mundo, a História e a vida, os quais somos proibidos de nos intrometer. Somos senhores da vida e sabemos tudo sobre a morte!

- Nossa ein, te contaram uma besteira muito grande! Bom, vamos às explicações então.

Antônio mudou completamente de semblante, levantando a mão e colocando seu dedo indicador sobre a testa do jovem, a partir dali a visão do garoto começou a ficar turva e seu corpo parecia se deslocar daquele lugar, sua mente parecia se deslocar do seu corpo.

27/12/2010

Uma vida de volta.

“hoje vivemos um dia mágico, hoje será o dia do show mais esperado do ano! Vamos curtir juntos aqui no programa do Tinoco! Você não pode perder! É hoje, às 10 da noite....”

Enquanto o rádio desperta em uma linda manhã de domingo, Tony abre os olhos muito devagar. Pensando ainda deitado, sua cabeça ressoa. “Que? O despertador? Como assim? Estou em casa. É, esta é a minha casa, estou sozinho. Não, não estou sozinho, conheço este cheiro. Como vim parar aqui? Estou mesmo vivo. Estou inteiro, onde está aquele maldito? Quem mandou ele me salvar?” as perguntas se repetiam em sua mente. Seu corpo, por reflexo, bateu a mão ao lado no rádio relógio. 6:13 da manhã. Dia 02/02. Ao olhar para a data, com um pulo Tony sai da cama, espantado mais uma vez braveja

- QUE LOUCURA! Como estou em fevereiro? Ontem era julho!

Olhando para a cama desarrumada, alguém estava ali ao seu lado durante a noite. Sua amada noiva, já deveria ter levantado para ir trabalhar. Debaixo do relógio um pedaço de papel. Pegando o papel, Antônio, desesperado e confuso lia: “Omnia Vincit”.

- Inacreditável – olhando para a janela de seu apartamento, completa – inacreditável!

Após se recompor e tomar seu banho matinal, Antônio senta na varanda de seu apartamento, em frente a uma das praias mais famosas da cidade, olhando algumas pessoas que chegam e outras que passam no calçadão. Acende um cigarro, por um segundo pensa em apaga-lo, no próximo o cigarro está em seus lábios e a fumaça começa a tomar conta do ar.

- Será que tudo foi sonho? Será que eu morri e voltei para pagar meus pecados? Por que aquele maldito estava lá? Por que me salvou, se salvou? Brincadeira, nem para morrer eu consigo em paz...

Deixando escapar um sorriso meio macabro com a piada de mau gosto, logo olha para os lados e se levanta, indo até o telefone. Na sala de estar um sofá e uma poltrona acomodam três pessoas confortavelmente, mas a mania de deitar em dois lugares faz com que sua noiva geralmente tenha que sentar-se na poltrona antiga, que parece menos confortável do que a cama improvisada.

- Alô – do outro lado da linha alguém atende.

- Oi Pedro, aqui é Antônio, precisava tirar umas dúvidas contigo.

- Fale Bom Rapaz, estou aqui sempre para saciar suas inúmeras dúvidas.

- Parece que o Iniciado fez algo comigo.

- Iniciado? Qual deles?

- Tu sabes qual deles, o único que pode fazer algo comigo!

- Pelo que eu saiba não é especial, nada te protege de ...

- Não venha com mazelas, sabes muito bem do que estou falando! – interrompe Antônio com a voz alterada.

- Ok. Bem, o que ele fez?

- Estava eu no dia que saí do conselho, na verdade no dia que fazia um ano que saí do conselho...

- Mas esse dia seria daqui há alguns meses, não?

- Este é o ponto, lá estava eu, pronto para me... fazer algo estranho a mim mesmo. Ele me mandou de volta para cá.

- Muito bom, lembra os números da Mega Sena dos sorteios de março em diante? – completou com uma pequena risada

- Idiota, estou falando sério, eu voltei no tempo! E agora eu posso afetar o futuro? Criar um futuro paralelo?

- Não, você não pode mudar o futuro, você faz parte do presente, o passado não existe!

Enquanto Pedro falava, a mente de Tony fervilhava e um pensamento lhe deu um estalo que fez imediatamente desligar o telefone. Ficando ofegante na hora decide correr para fora do teu apartamento, deixando a porta aberta e o telefone jogado no chão, saindo de forma brusca procurando as escadas, não quis saber do elevador para descer os seis andares para baixo. “Hoje! É dia 02/02! Devem ser por volta de 7:30 da manhã... ainda dará tempo, ainda dará!”

Correndo desesperado, Antônio chega ao seu carro e lembra que as chaves ficaram no apartamento. Com uma lágrima começando a cair, corre para a saída, dando uma olhada no relógio da recepção do edifício que marcava 7:45. Sai instantaneamente, com medo de que voltar para casa para pegar a chave fosse perder tempo demais. Pelas ruas correndo, vai lembrando lentamente do que ele não deveria saber, do que ainda iria acontecer. A exatos 5 minutos do presente, há muitos metros, sua noiva voltava para casa, ela esqueceu o celular e uma pasta preta, deveria voltar urgentemente para pegar, pois sem ela não conseguiria mostrar seu novo projeto a seu coordenador. Mas ele sabia o que ninguém mais sabia. Ela morreria em um grave acidente de carro, ao atravessar um cruzamento um homem embriagado, mesmo naquela hora da manhã, atravessaria um sinal vermelho e pegaria o lado do carro dela em cheio, ela morreria lá mesmo, sem ter a mínima chance dele fazer nada, pois só saberia disso depois das oito da manhã, quando ele sairia para visitar sua mãe. Mas agora tudo poderia ser diferente, Antônio poderia correr e salvar a tua noiva, o tempo era curto, o trajeto muito longo, mas o desespero seria seu motor e a ansiedade seu combustível.

Ao chegar perto do cruzamento, Antônio vê na esquina ao seu lado o carro azul do embriagado passar. Era agora ou nunca, em poucos instantes o acidente aconteceria. Ele correu em direção ao cruzamento tentando avisar a sua noiva para não atravessar o cruzamento, mesmo com o sinal verde para ela. Ao chegar na esquina que ela atravessaria, o carro dela passa exatamente ao seu lado, sem que ela visse seu noivo desesperado, que só pode gritar.

- CARLA, CUIDADO, CUIDADO, O CARRO!

22/12/2010

Caos, uma História.

Rio de Janeiro, noite de inverno. Um frio tolo e até mesmo estranho assola o centro da cidade. Lá pelas 19 horas, no alto de um edifício da Av. Rio Branco um cigarro cai devagar. Lentamente rola no ar rumo ao chão. No alto do prédio um homem branco, alto olha para a cidade, imbuído de um grande desprezo observa as pessoas indo e vindo, saindo de seus escritórios e entrando nas vielas rumo aos bares mais tradicionais da cidade.

- Que Caos! Que Caos!

-Não repetiria isso se fosse tu... – Completa um outro homem. Negro alto, com um grande casaco marrom e um estranho chapéu, com um sorriso de canto de boca.

- Não sabia que estava aqui.

- Eu não estava, vim porque me chamou...

- Rohn, por que disso tudo?

- Vai saber...

- Rohn, você sabe porque estou aqui, não sabe?

- Ué, sei porque veio, não o que está fazendo.

- Rohn, não suporto mais, vou me jogar!

- Vai? Foi o que veio fazer, mas se vai, não sei.

Com dois passos em frente, Rohn chega ao lado de sua companhia e ajeitando o chapéu olha para o alto, o céu está nublado, castanho e as nuvens parecem estar bem carregadas. O pretenso suicida pergunta:

- Rohn, Vai chover?

- Como vou saber? As nuvens estão carregadas, eu acho que não vai chover agora não, só daqui há meia hora.

- Rohn, Sempre sabes de tudo, não é?

- Não. Sei só os dados iniciais. Onde vão chegar eu não tenho idéia. Sei só que vieste aqui para se matar, quando, ou se vai morrer hoje, eu não sei!

No mesmo instante, uma lágrima rola do rosto do estranho homem, que dá um passo para frente, chegando ao parapeito do edifício. Ele olha lá para baixo, vê pela última vez a rua, longe, longe. Ao fixar seu olhar no chão percebe uma gota bater em seu ombro, logo depois outras a seguem e uma fina chuva começa a cair. Com um sorriso inibido no rosto, ele diz:

- Rohn, está chovendo...

- É o que parece, mas talvez não esteja, não é Tony?

- Uhm, minha mãe me chamava assim, não lembrava que tu sabias disto. Ao que parece só não sabe prever chuva!

- Nem chuva nem respostas malcriadas, não esqueça de me chamar pelo nome, você sabe disso!

Com certa raiva, Rohn vira de costas e anda rumo à saída do terraço, enquanto Antônio Vieira da Silva se prepara para pular. Dá uma última olhada para Rohn, que está indo embora de costas, deixa as lágrimas escorrerem de seu rosto e se joga. No mesmo instante, olha pela última vez para a cidade, mais uma vez deixando escapar de sua boca:

- Que Caos!

No mesmo instante os carros parecem estar mais lentos, o corpo caindo do edifício parece cair mais devagar. A gravidade parece estar diminuindo, as pessoas parecem estar parando, as poucas aves que cortam o céu carioca parecem parar no ar. As barcas estão parando no meio da baía de Guanabara e o sino da Igreja, que começava a badalar, parece bater cada instante mais lento. O mundo para.

- CHEGA! Para com essa palhaçada, volte lá para cima e volte para casa!

O corpo de Tony, com os braços abertos no ar, olhando para o edifício em sua frente parece flutuar, agora o corpo dele não cai mais. Em sua frente, uma figura em pé, de braços cruzados, parecendo mesmo que voando.

- Falei para não repetir esta frase. Além do mais, tinha previsto que tu não morrerias esta noite. Não está na hora ainda, não sinto ninguém aqui para te buscar, você fica aqui!

- Me deixa morrer! Deixe-me ir! Quero ir para a ordem! Quero sair do turbilhão de coisas que me cercam! Quero fugir!

- Blábláblá, quero isso, quero aquilo... seja menos ridículo, se quer morrer, morra com honra! Já viveu toda a sua vida fugindo! Se encontre agora ao menos, se encontre na hora de seu final pelo menos!

Um silêncio ensurdecedor toma conta do ambiente, o tempo não passa, o tempo se cala. Tony olha nos fundos dos olhos de Rohn, que o encara com uma face fechada. Em seus olhos um brilho vermelho, que passa a envolver os dois homens.

- Sei porque você está aqui. Sei porque vai viver, mas não sei pra onde vai depois.

Tudo se apaga, apenas há escuridão.